terça-feira, 2 de setembro de 2008

SONHOS EM OBRAS


Estou a procura de um engenheiro capaz de visualizar meu projeto interno, que consiga decifrar a planta de reforma que desenhei em minha alma, e diga que ela é possível de ser feita. Não pode ser qualquer um, por isso a obra nunca começa, esta no papel há anos, parece nunca sair dele. Todos que encontro dizem que para inicia-la será preciso demolir alguns sonhos, mas deles não abro mão, então logo descarto a idéia e continuo a procurar por alguém que consiga visualizar este projeto da forma que ele está desenhado, sem modifica-lo ao ponto de eu mesmo me estranhar diante dele. É sempre a mesma coisa, pra chegar até a cozinha tenho que demolir os sonhos que estão na sala, pra passar pelo corredor entre o quarto e o banheiro tenho que visualizar novos pontos de vista, e até mesmo minhas fotos emolduradas nas paredes devem dar lugar a quadros de pintores contemporâneos, mas por que isso?Por que demolir sonhos se o caminho da sala pra cozinha são apenas uns poucos passos? E meus pontos de vista, em que eles interferem no corredor que separa o quarto do banheiro? Minhas fotos até já se acostumaram com as paredes, chegam até a combinar, por que quadros de pintores comtemporâneos, nos quais sobra verniz e falta invenção?Parece que todos querem mudar aquilo que levei uma vida pra construir, parecem querer visualizar eles mesmos em mim, mas espere, este projeto é meu, é de minha autoria, este projeto é aquilo que sou, não posso deixar que mudem isso, quero apenas uma reforma, não uma mudança completa, se não podem me ajudar eu o dobro novamente e o guardo de novo dentro de mim, e quer saber? Pouco importa, eu sei fazer massa de cimento, sei como usar uma britadeira e guardo na garagem um estojo de ferramentas.Pode deixar, eu mesmo faço a reforma, se não sair como eu esperava terei apenas a mim mesmo para culpar, obrigado pela ajuda.

*Texto registrado e protegido conforme http://creativecommons.org/

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

SOBRE JOÃO BAPTISTA

Brincava de fazer avalanches imaginárias nos montes de areia da obra em construção,sorria em tempos e contra tempos exatos. Em sua mente também havia avalanches, estas, em contra partida, inundavam seu subconsciente. Todo o peso do mundo era demais para seus frágeis ombros já gastos, hora ou outra iria ceder, não se importava. Por diversão corria riscos, sua alma já afiada trazia no olhar a serenidade de lágrimas passadas,todas as suas pequenas esperanças, deixadas para trás, todo o seu mundo renegado. Pelo caminho sabia que haveria pessoas que o entenderiam, o compreenderiam, e acolheriam aquele corpo em noites chuvosas de inverno. Não tinha mais medo, não demonstrava ter, seguia indiferente, indelicado, seguia ao seu modo,com a certeza de que um dia, em algum momento, a transformação ocorreria.-Você é um homem - Exclamava estufando o peito. Ao perceber que outros a sua volta reparavam em seu gesto de orgulho, por falta de auto-estima ou de personalidade voltava atrás em suas palavras.-Não, você não é um homem, você é um bicho, um bicho feio e imundo, isso é o que você é.Percebia que era assim que o mundo a sua volta o queria, mas quando não havia ninguém por perto, exclamava baixinho, apenas para que ele mesmo pudesse ouvir:-Você é um homem, nunca se esqueça disso.Ele era estranho em seu modo de pensar, talvez um tanto louco, talvez só alguém

*Texto registrado e protegido conforme http://creativecommons.org/

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O MEDO NO QUARTO



Ouviu o despertador tocar, uma, duas vezes, não fez sequer um movimento, permaneceu estático em sua cama, entre lençóis, travesseiros e cobertas, a distância entre o colchão e o chão era grande demais naquele momento. Fazia frio lá fora, um frio que envolvia medos e dúvidas, e não importava se era dia de entregar o relatório ou ir na consulta marcada, dali não se moveria facilmente. Lá fora o carro buzinava, como se o chamasse, esperando por ele pra engatar a chave e dar a partida, o portão esperava pra ser aberto, e o jornal jogado na garagem tinha sede por lhe mostrar as noticias matinais. Não se importava, nem o carro, nem o portão, tão pouco o jornal faziam sentido, ele estava com febre, uma febre estranha, diferente das outras, o termometro não apontava o problema, mas sabia que ali dentro dele, em algum lugar, estava a febre. Sentia ausência de sonhos no travesseiro e calor nas cobertas, sobrava espaço no colchão, e faltava animo pra calçar as pantufas que o esperavam em baixo da cama, a distância entre o colchão e o chão não parava de aumentar, sua febre interna já passava dos 40 graus, no entanto por fora permanecia o mesmo, e era o mesmo a muito tempo, talvez esse fosse o problema. Ousou ter coragem de enfrentar a distância que separava seus pés do chão, os ponteiros de seu relógio corriam desgovernadamente, ainda haveria tempo de entregar o relatório? E a consulta marcada, haveria como chegar no horário? Levantou-se, superou a distância entre os pés e o chão, apressou-se em correr, alarme falso, não se dispôs a trocar de roupa, nem arrumar a cama, era apenas vontade de ir ao banheiro.
*Texto registrado e protegido conforme http://creativecommons.org/

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Poxaaaaa, que saudade de postar em você, não te abandonei não meu lindo, é falta de tempo mesmo, a vida anda uma loucura, bom, vou fazer um resumo de tudo que aconteceu neste tempo que estive ausente de você.
Comecei a trabalhar em meu novo cargo, e estou me saindo muito bem, fui pra Virada Cutural, assisti os shows dos Mutantes, Arnaldo Antunes, Cachorro Grande, TEATRO MÁGICO e Bruna Caram, com quem tirei foto.
Vi dois Arco Iris lindos no céu, um no meu primeiro dia no novo cargo do emprego, outro no dia da Virada Cultural, vi uma arvore ser cortada, um rato morrer afogado dentro de um tanque com agua, escrevi uma carta de amor, no estilo da literatura cordel, recebi uma carta de amor linda, de alguém que amo, estou namorando (mesmo que em segredo, mas ninguém te visita mesmo né blog, pra vc eu posso contar) e já perdi o medo de amar esta pessoa, que esta sendo tão importante em minha vida.
Terminei de escrever meus três primeiros contos, (prometo que amanhã mesmo publico um aqui em vc) cheio de planos pro segundo semestre, louco pra que chegue logo, e acho que o mais importante, mês que vem tou indo pro Rio, finalmente.
Cara, não dá pra resumir tudo, foram tantas coisas nessas semanas, estou tão feliz com tudo, agradeço muito a Deus por tudo isso, estou me esforçando pra ser merecedor de tais coisas tão maravilhosas.

Obrigado a todos que estão comigo tornando minha vida possível.

segunda-feira, 21 de abril de 2008


Tanto em tão pouco que é difícil entender

Tanto em tão pouco que cabe na palma da mão

domingo, 20 de abril de 2008

DIÁLOGO

— E você, por que desvia o olhar?

(Porque eu tenho medo de altura.
Tenho medo de cair para dentro de você.
Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)

— Ah. Porque eu sou tímida.
(Rita Apoena)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

CENSURA


POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR =X